Hoje de manhã fiz uma cena mesmo estúpida. Pensei que ninguém ia descobrir. Daquelas coisas que sabemos que é errado fazer mas que mesmo assim fazemos na esperança que ninguém veja e nos adivinhe tão humanos e tão maus quanto os outros.
Como nunca tenho tempo de tomar o pequeno-almoço resolvi trazer uma banana para comer pelo caminho. Ao chegar deitaria a casca de banana ao lixo, num dos muitos contentores que existem na rua onde estaciono o carro. O problema é que o elevador demorou e estive a inspeccionar os contadores do gás por causa de um barulho que vinha da caixa. Entretanto tinha quase metade da banana comida. Cheguei ao fundo do prédio com a casca na mão.
Merda. Agora onde deito isto? Levo e deixo no carro.... Naaaaa... Deixo na caixa da publicidade. Mas é podre. Depois vão lá buscar os papeis e dão com o pastel. É chato. Oh pá, olha, fica já aqui por cima da caixa dos contadores da água. É mau mas ninguém vai reparar. Com excepção das senhoras que limpam. Elas costumam andar de luvas e trazem sempre o saco do lixo. E sempre vêem logo que é só uma casca de banana. Se ficasse na caixa da publicidade era pior. Pensavam que era só papeis e sai de lá uma casca de banana.
Qualquer opção é má e profundamente errada. Como eu diria: é uma pura falta de civismo! Pois é. Lá deixei a casquinha, peguei no carro e siga. Nunca mais me lembrei do assunto até à hora de almoço.
- - Olha lá, tu por acaso hoje não fizeste nenhuma asneira?
- - Uhu. Asneira? Como? Não fiz nada?
- - Não??? Não terás feito assim, sei lá, uma garotice? Aquelas coisas parvas?
- - Não sei o que queres dizer com isso. mas que se passa? Onde queres chegar?
- - Aquela casca de banana lá em baixo, em cima dos contadores....
Risada geral. Desmanchei-me. Fui eu e é uma estupidez de primeira. Daquelas que ninguém com dois dedos de testa viria para aqui contar. De vez em quando faço assim destas merdas. E o pior é que acho piada. Estou aqui a rir-me como uma perdida. É como as crianças, quando fazem algo que sabem que é errado e é isso mesmo que dá satisfação. Ahhhhhh, que gozo, imaginar os outros fulos a gritar: que falta de civismo!