16.07.09

Às vezes bate-me uma tristeza tão grande. Porque são os outros que me fazem da vida um inferno. E irrito-me e zango-me com quem não devo porque é tudo uma hipocrisia e sinto cada vez mais raiva dentro de mim por fazer parte deste circo.

Ainda hoje, por exemplo. Vou a conduzir, relativamente bem-disposta, um pouco cansada, mas na boa. À frente tenho uma intersecção em que tenho de ceder passagem aos que sobem e aos que descem. De frente, em contramão vem um carro. Uma louca desaustinada mete-se ao meu lado e tenta ultrapassar-me mesmo em cima do sinal. Apito e tiro a mão fora do carro para que se encoste. Aproxima-se um carro de frente. A louca da gaja cola-se a mim, passamos a intersecção, eu encosto para ela me ultrapassar. Ela ultrapassa e trava o carro a fundo depois de se ter colado ao meu lado a dizer umas poucas barbaridades. Eu apito. Ela começa a andar para a direita e esquerda e a travar, nisto faz pisca. Passei-me. Meto-me do lado direito dela e paro o carro. O meu amor passa-se e sai do carro. A gaja arranca em alta velocidade, se é que isso é possível num fiat...

Fiquei cega e fui atrás dela. Era uma toxicodependente bem conhecida da cidade. Já foi presa umas poucas vezes. Já quase incendiou a casa dos pais. Já agrediu os pais. A mãe chegou a dizer publicamente que preferia que ela morresse. É considerada um caso de saúde pública. Seduz velhos na estação e rouba-os. Anda de carro. Se parava desfazia toda. E tinha problemas. Mas partia-lhe aquele focinho todo e mais o carro. Fiquei com uns nervos que ainda estou a suar. Ela devia ter parado que eu acabava-lhe com a brincadeira. E fazia um favor aos pais. O pai dela chegou já a dizer à polícia que qualquer dia a matava à porrada e ia preso, mas matava-a. É que ela, de facto, mete nojo.

No outro dia tentaram-me roubar o rádio do carro. Acho que fui eu que me esqueci dele aberto. Mas os ladroes também deviam ser do gang da gaja. Um rádio de gaveta e não o conseguiram levar. Também não levaram nada do que estava no carro. Partiram só o apoio do carro. Drogados. Odeio-os a todos.

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publicado por Lacra às 14:29

Conversas do meu amigo imaginário
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