25.11.09

Os chefes são fodidos. Uma colega apareceu hoje num serviço com uma nova máquina fotográfica. Canon. Poderosa, daquelas de profissional. Só que ela é jornalista e os jornalistas nem sempre têm formação em fotografia. Eu não tive, apesar de ter tido umas bases de multimédia, som e imagem (vídeo). Uma pessoa desenrasca.

 

Os jornais regionais nunca têm dinheiro para manter projectos decentes, então os jornalistas que querem trabalhar  na área profissional sujeitam-se a fazer de fotógrafos, jornalistas online, a trabalhar até às desoras e permitem todas e quaisquer tropelias, ignorando a lei e o facto de estarem a ser vítimas de desrespeito pelos direitos do trabalhador.

Mas o jornalistas sujeita-se porque quer trabalhar. Quer mostrar aquilo que pode e tem capacidades para fazer e, por norma, se o faz num regional é porque não teve oportunidade para o fazer num meio nacional ou com mais prestigio. Haverá depois os que não têm nem nunca terão competências. Eu não sei em qual das categorias me incluo. Há dias em que tendo a achar que não tive a oportunidade ou a sorte do meu lado. Há outros em que classifico como uma incompetente nata sem estofo para voos mais altos. 

Ainda assim, não estou a querer dizer que os jornais regionais não valem um chavo. Não valem, é verdade, mas têm pessoas qualificadas e competentes que fazem excelentes trabalhos, dentro das condições possíveis e longe de serem as desejadas. Falha depois a paginação, o comercial, os administrativos, os administradores, gestores e directores que, salvo raras excepções, são tudo gente sem formação para trabalhar na área e sem conhecimento de causa.

 

Mas o jornalista sujeita-se e dá o litro. Não se importa. É capaz até de acumular as funções de fotógrafo, dar uma mãozinha à paginação e, em muitos casos e embora eu saiba que poucos o admitam, dão uma mãozinha aos comerciais escrevendo as “publireportagens” ou textos comerciais ou os famosos “suplementos”.

O problema é de toda esta garra e fúria que caracteriza muitos dos jovens jornalistas, e eu estou a inserir-me nesta categoria, é que tão forte bate como desaparece.

 

É como o tesão do mijo, dizia um colega meu mais velho, conselheiro e amigo desde que aqui cheguei.

 

A expressão assim dita, grosseira, poderá chocar, mas é que é mesmo isso.

 

Lá andava então a miúda com a nova máquina, toda entusiasmada e excitada embora algo preocupada porque não sabia muito bem como trabalhar com aquele machibombo de profissionais. Chegou ao jornal, foi descarregar as fotos. Negras.

 

Ando aqui com uma máquina xpto e não tirei uma fotografia de jeito.... vou ter de pesquisar o manual na internet e estudá-lo.

Mas tu tens ao menos formação em fotografia?

Não mas o  chefe já se queixou que as fotos eram uma merda e daí que tenha comprado esta.

 

Então e não podia ter pensado antes em vos dar formação?

 

Ah, sabes como é.

 

Não. Por acaso não sei como é.


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