19.11.09

A minha amiga que só diz palermices hoje falava do Murakami, um escritor qualquer japonês que eu nunca li nem ouvi falar mas que parece que é famoso. Fui pesquisar, claro. O homem escreveu um livro que me entusiasma tanto como limpar a casa ao domingo de manhã: “Auto-retrato do Escritor enquanto Corredor de Fundo”. Se calhar a este ponto alguém já me está a insultar. Isto se alguém aqui vier. Desde já aviso: este espaço é meu e portanto eu tenho todo o direito a ser estúpida, má, e irónica nas quantidades que eu quiser, mesmo que isso não tenha piada.

 

Continuando... O homem escreveu então uma obra que “reúne a paixão pelas letras com a paixão pela corrida”... Hummm.... Vou já correr comprar o livro! Sobretudo por causa do paragrafo que a minha amiga cita e que eu vou citar também:


"Pensando bem, é possível que a minha tendência para engordar possa ser encarada como uma bênção, Por outras palavras, se eu não quiser ganhar peso vejo-me obrigado a trabalhar no duro e a exercitar-me todos os dias" (p. 50).

 

Os optimistas são gente mesmo engraçada. Gostava de encarar as coisas assim também. Eu tenho tendência para engordar e não acho que isso seja uma bênção até porque não é isso que me faz mexer ou levantar um dedo sequer. Aliás, sou capaz até de inventar qualquer coisa para não me exercitar. A última que me lembro é que me doía a unha. É. A unha também dói. E a alma.

 

Agora a sério. De vez em quando sinto uma grande vontade de correr. Ir dar umas corridas ao ar livre, pela cidade. Até já imaginei trajectos. Nunca tive foi a iniciativa porque entretanto passa-me a vontade. Até hoje só corri uma vez na vida por iniciativa própria e por livre vontade. Nas aulas de educação física era obrigada a isso e normalmente ia a correr até ao café e ficava lá. Na última volta aparecia airosa da vida e a tresandar a tabaco mas o professor estava-se a marimbar e esse era um sentimento mútuo que fazia reinar a harmonia.

 

Mas lembro-me da primeira vez que corri por livre vontade e, sinceramente, senti-me um bocado mal. Para começar levantei-me uma hora mais cedo que o normal e estava um frio de rachar. Saí para a rua com aquelas roupas ridículas e comecei a correr. As pessoas nos carros olhavam para mim como se eu fosse tolinha e, sublinho, senti-me muito ridícula. Mas como normalmente me sinto ridícula em várias situações continuei e consegui dar uma volta completa ao quarteirão! No total devo ter corrido menos de cem metros mas foram suficientes para não voltar.

 

É que correr cansa. Deixa-nos ofegantes, com falta de ar, vermelhos como tomates. Depois as mulheres têm outro problema: o peito. Pelo menos para mim é um problema. Parece que alguma coisa vai saltar cá para fora e ganhar vida própria e isso é muito constrangedor.

De vez em quando, no entanto, lá vem essa vontade. Deve ser por causa da tendência para engordar.

 

Quando penso que estou a engordar, sinceramente, só me apetece comer ainda mais. Assim posso ficar muito mal-disposta e enjoada e iniciar uma dieta. Com a raiva pode até vir aquela vontade de correr e isso pode motivar-me a fazer algum exercício, aí quinze minutos ou meia horita. Em casa até tenho um daqueles aparelhos de ginásio, uma elíptica. É um monstro horrível que fica mal em qualquer compartimento da casa. Há uns tempos o meu namorado quis levá-la para a garagem mas eu não deixei. Enquanto me incomodar a vista lembro-me que se quiser posso sempre fazer meia hora de exercício.

 

Ultimamente, por acaso, até tenho feito. Pronto, ok, foram só dois dias. Mas foram seguidos! Fartei-me de suar. Usei uma daquelas cintas que fazem suar imenso porque de outra forma acho que só ia mesmo era ficar como um pimentão. Até gostei de fazer exercício. Aliás, eu gosto de fazer exercício. Não gosto é de correr. Não me aguento e isso é frustrante. Mas já andei no karaté kyokushin! E cheguei a lutar com outras pessoas. Era porreiro mas depois deixei de ir porque as aulas eram muito tarde e coincidiu que tinha muito serviço. Estou a pensar voltar no próximo mês. O problema é que agora já perdi o ritmo e ainda me lembro das primeiras aulas e de como me doía o corpo todo. Até as unhas!

 

Mas se calhar volto. Também andei na capoeira. E em aulas de dança (estilo aeróbica). Andei também no spinbike. Fiz yoga, musculação... o meu pai diz que eu quero fazer tudo e nunca faço nada. Já uma altura me tinha dito a mesma coisa. Foi quando eu quis aprender guitarra. Ele queria que eu aprendesse piano. Quando muito poderia ser bateria ou saxofone. Piano é que não. E ele disse-me que eu queria sempre tudo e nunca aprendia nada. Depois um dia ouviu-me tocar guitarra e disse que eu não tinha mesmo jeitinho para aquilo, como ele já suspeitava. Fiquei lixada e nunca mais toquei. Até nem tinha jeito para o instrumento, mas diziam que tinha bom ouvido para a música. Entretanto passou.

 

É como a vontade de correr. Hoje de manhã estive com um colega de trabalho que não via há dois anos. disse-me que estava mais bonita. Fiquei toda inchada. Mas houve outro colega que aproveitou logo para insinuar que eu estava mais sexy, como a Popota. Sim a Popota. Popo Popopopota. Não levei a mal. Somos amigos e estamos sempre em picardia mas preferia que me chamasse gorda. Popota é que não. Ainda por cima ela agora dança! E está mais magra e tudo...

 

 


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